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Nossas lentes: Como ampliamos nosso conhecimento sobre política.

Artigo especial da Elaine Rodrigues, CEO do Instituto Iniciativa Cidadã, em que compartilha experiências pessoais, mas essencialmente coletivas.

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Nossas lentes: Como ampliamos nosso conhecimento sobre política.


Estava aqui tentando organizar indicações de fontes de indicadores — baseados em dados e ciência — para os eleitores se apropriarem das inúmeras possibilidades de se informar sobre a realidade e necessidades da sua comunidade.


Para, assim, se preparar e ponderar as suas necessidades individuais com as necessidades coletivas de uma cidade, afinal, somos um ecossistema!


Nesta busca concluí que o bom mesmo é compartilhar nossas experiências. Como fazemos e nos preparamos na prática, que é como atuamos nos espaços de aprendizado, em especial nas escolas.


Para começar, por aqui acreditamos que política é vida e sendo assim, ela está inserida no nosso cotidiano. Aprendemos de muitas formas e compartilhamos sempre este aprendizado para aprender mais, sobre outras vivências, sobre outros pontos de vista. É na interação que vamos ampliando o olhar e reconhecendo que não sabemos tudo, somos complementares. 


Aristóteles, filósofo e polímata da Grécia antiga, dizia que política é um mecanismo que tem como fim a felicidade dos homens. Segundo ele, somos seres carentes e imperfeitos e buscamos a comunidade para alcançar a completude. 


Para nós, a política está intimamente ligada à cultura e, como cidadãos comuns, podemos dizer, com toda certeza, que a política tem como base principal as relações e a intencionalidade delas.


Pois bem, vamos à prática. 


Alguns caminhos, simples e eficazes, de como conhecer, perceber e compreender o contexto em que estamos. 


1 - O vasto mundo da Literatura


Em casa lemos de tudo: crônicas, romances, ficção, utopias e distopias, poesias e prosas, biografias, autobiografias, história, quadrinhos, peças teatrais, dentre outros. A literatura é uma expressão artística que nos faz conhecer mundos, sonhos, a diversidade da vida, como os personagens (fictícios ou não) se relacionam, consigo, com os outros e com o lugar em que vivem e como expressam seus sentimentos. 


Não se trata, aqui, da leitura técnica acadêmica, em que pese façamos isto também. Se trata daquela em que “voyerizamos” o mundo, ou seja, entramos como observadores. 


Olhamos e pertencemos ou não àquela viagem a partir do olhar do outro. É na literatura, portanto, que encontramos a nossa primeira âncora no aprendizado sobre política.


Reúno aqui algumas boas leituras nesse sentido: 


  • Grande Sertão: Veredas — João Guimarães Rosa; 

  • Anarquistas graças a Deus — Zélia Gattai;

  • Toda Poesia — Paulo Leminski; 

  • Só para Mulheres — Clarisse Lispector; 

  • Sete Anos — Fernanda Torres; 

  • Biografia do abismo — Felipe Nunes e Thomas Traumman; 

  • Poemas dos Becos de Goiás e Estórias mais — Cora Coralina; 

  • Justiça climática — Marilu Róbinson; 

  • Dom Quixote — Miguel de Cervantes;

  • 1984 — George Orwell; 

  • Os Miseráveis — Victor Hugo.



2 - Em família exercitamos o pensamento crítico


Amanhecemos lendo blogs de opinião e jornais, vendo as notícias nos principais veículos e mídias sociais, ouvindo música e podcasts e discutindo nossas impressões e entendimentos no café da manhã. 


Um acontecimento extraído destas fontes pode nos levar a pensar no resto do dia ou até mesmo em dias seguidos no que aprendemos e se temos a possibilidade de interferir de maneira positiva. Se o acontecimento foi bom, como podemos ampliar seus impactos. Se foi ruim, como podemos mitigá-lo ou erradicá-lo. Lembrando que existem coisas que não estão sob nossa governabilidade. 


Lemos os jornais por aplicativos, pois somos assinantes. Mas também é possível ler por meio das mídias sociais algumas matérias gratuitas. Só tome cuidado porque o algoritmo vai te mostrar notícias que dão mais ibope, então busque por notícias sobre o que você quer saber, o melhor caminho é dar um Google.


Os nossos jornais mais lidos são: Estadão, Folha de São Paulo, O Globo, Correio Braziliense, Valor Econômico, G1 e Revista Piauí. O bacana é mesclar fontes nacionais com outras locais, do seu estado ou cidade.


Aqui assistimos os canais CNN, Globo News, UOL, My News, Meio e Mensagem. Os programas Roda Viva e Linhas Cruzadas na TV Cultura também são excelentes para se inteirar sobre pautas do momento, com boas entrevistas e diálogos. Assistimos também muitos vídeocasts de especialistas em temas específicos no YouTube. Vale procurar. 


Puxe um fio… Ao começar a pesquisar e engajar (lendo ou assistindo) com um assunto na internet, ele vai começar a ser recomendado para você e vai te levar a assuntos relacionados.




3 - Nossas viagens


Alain de Botton, em seu livro A arte de Viajar, nos abre um amplo horizonte do que podemos usufruir em nossas viagens. Não do ponto de vista turístico, mas do ponto de vista do crescimento pessoal.


Talvez esta seja a maneira mais divertida de conhecer o mundo e suas especificidades. Comparar com o nosso lugar e instigar nossa criatividade ao nos vermos envolvidos em práticas locais que podem ser utilizadas como referência para nossa cidade! Amamos! 


Quando viajamos para alguma cidade, o primeiro site que abrimos é o Cidades — IBGE, um sistema que reúne informações sobre os municípios e estados do Brasil produzidas pelo próprio IBGE a partir do CENSO e por outras fontes. É nele que entendemos quais as principais características do local. Vemos o tamanho do município, da população, em que aquele lugar está mais avançado e em que está mais atrasado. É intuitivo e confiável. 


Pesquisamos o nome da cidade e lá está, desde a história, até as estatísticas sobre educação, saúde, infraestrutura, etc. Para nos informarmos para as eleições é o que há. É a partir daí que entendemos se as promessas que estão sendo feitas estão de acordo com as necessidades da população. 


Ato contínuo, entramos no site da prefeitura (cada uma tem seu). É nele que encontramos as informações sobre para onde vai o dinheiro público, consultando receitas, despesas, contratos e avaliamos se a gestão está priorizando o que importa. 


Por fim, pesquisamos quem são os responsáveis públicos por aquela cidade — prefeito e vereadores, principalmente. Pois, são eles que lidam com as demandas locais diretamente. Verificamos a qual partido pertencem, se a população aprova ou não — conversamos com motoristas de táxi e Uber, garçons, manicures, recepcionistas e camareiras dos hotéis que ficamos, cozinheiros, guias turísticos, etc. Interagimos com quem encontramos. 


Vale lembrar que a viagem pode ser dentro da sua própria cidade olhando para o que está sendo feito, utilizando serviços públicos ou observando a sua utilização. Passeando em horários diferentes para sentir a acessibilidade nas ruas, calçadas, supermercados, shopping dentre outros. A segurança das ruas e do trânsito. As filas nas paradas dos transportes. E por aí vai.


Faça um passeio de ônibus e visite um posto do SUS, um hospital público. Mesmo que você já utilize estes serviços diariamente, saia com o olhar de quem quer avaliar se o seu representante está se saindo bem. Sentindo o que sua cidade precisa.


4 - Com pouco tempo, muita opinião e muita informação falsa e ruim...


Aqui é preciso, antes de entrar no assunto propriamente, esclarecer a diferença entre opinião e informação. 


Na opinião vem expressa nossas crenças, experiências, cultura e vivências. Ela também carrega nossa avaliação e julgamento sobre determinado assunto e pode ser influenciada por nossas emoções. Não parte necessariamente de dados e é pessoal!


Na informação temos conjuntos de fatos e dados comprovados que nos permitem compreender o contexto em que estamos inseridos de maneira mais objetiva. Dados possuem forte embasamento metodológico e científico. Podem ter interpretações diferentes e permitem formar opinião, mas são imutáveis, porque espelham a realidade do momento em que são coletados Podem também trazer estimativas futuras, porém, a partir de modelos de análise e sob hipóteses de mudanças de alguma variável.


Isto posto, vamos então ao como lemos, assistimos e formamos alguma opinião. Ou não.


Em entrevista dada ao Estadão em 04/04/2024, o professor de letramento digital Jorge Alves de Farias destaca que a habilidade de investigar e analisar uma mensagem criticamente demanda algumas perguntas:


“Quem escreveu/falou aquilo é um especialista ou só é alguém comentando? Qual era a intenção da mensagem? Onde foi veiculado o conteúdo (stories ou jornal impresso, por exemplo)? É preciso pesquisar os fatos em fontes com autoridade jornalística ou especialista; conhecer os diferentes pontos de vista, se houver; investigar, com pensamento crítico, a qualidade das informações; identificar a intencionalidade de quem apresentou o fato e refletir as consequências das opiniões expostas publicamente.”

Se informar, aprender e se relacionar dão trabalho. E vamos aqui nos abstrair do conceito de trabalho apenas como provedor de remuneração. 


Vamos relacionar trabalho ao tempo. 


Vou reescrever a frase: se informar, aprender e se relacionar demandam tempo. 


Numa relação direta, podemos dizer que democracia dá trabalho. Demanda tempo para aprender, se informar e se relacionar com qualidade. Exige de nós dedicação. 


Não dá para deixar na mão de ninguém. Porque se trata da soma das necessidades individuais, traduzida para a coletividade. É seu desejo somado a milhões de outros. 


Então é bom que você se prepare para não ser manipulado, co-optado por narrativas e argumentos que parecem perfeitos à primeira vista, mas nem sempre são verdadeiros ou baseados em informações. São apenas opiniões.


Pesquisas e estatísticas divulgadas por institutos de pesquisa são, em sua maioria, ótimas fontes para entendermos comportamentos e visualizarmos para onde estamos indo como coletividade. 


Fundações e institutos nacionais e internacionais também. Vou deixar uns links aqui sobre o que andamos pesquisando. Poucos exemplos só mesmo para instigar a sua curiosidade.


  • TSE-Estatísticas — com dados sobre eleições, candidatos, partidos e eleitorado.  

  • TSE Mulheres — dados sobre o histórico da mulher na política — como cidadã e política profissional e estatísticas atuais sobre a participação feminina na política.

  •  RenovaBr — Instituição de formação política suprapartidária, para quem quer atuar ou já atua profissionalmente na política.

  • O Futuro das Coisas /@ofuturodascoisas

  • Instituto Amuta / @instituto_amuta.

  • Teya Ecossistema / @teyaecossistema.



Lembrando que esta é uma busca diária e deve estar alinhada com seus interesses e o que faz sentido para você. Que tal começar?


Precisando de ajuda nesse processo, fale com a gente.


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