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Para uma democracia plena, precisamos qualificar a participação cidadã.

Atualizado: 8 de fev.

E nós acreditamos que a educação é o único caminho.

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Para uma democracia plena, precisamos qualificar a participação cidadã.


Viver em um país democrático, pressupõe estar na população o poder de decisão sobre quem a representa. O povo é quem escolhe, através do voto, quem ocupará os cargos políticos responsáveis pela gestão dos recursos, organização e regulamentação das questões que impactam não só a sua vida, mas a de todos.


Contudo, considerando que votos são escolhas individuais de impacto social, podemos compreender as eleições como um processo de construção coletiva, em torno de pautas comuns. Afinal, serão eleitos apenas os mais votados, conforme a decisão da maioria.


A partir dessa lógica, seria natural pensarmos sobre o quanto nossa sociedade está atenta, interessada e alinhada acerca de questões políticas.


Sabemos que esse assunto é tema ressentido, evitado para melhor convivência, ignorando que esse afastamento causa justamente o contrário.


Restabelecer a conexão perdida com a política e promover diálogos na sociedade sobre quais necessidades lhe afligem é item primordial. Para que se construa organizadamente a união necessária para eleger políticos comprometidos em atender essas demandas.


“Um povo se faz com ideias, com esperanças compartilhadas”. Rubem Alves, Conversas Sobre Política.

Com a consciência de que o voto em um modelo democrático é mais do que um direito, é também um dever, que exige tempo e interesse do eleitor em saber quem é o político e quais os planos, para quem deposita seu voto.


Mas, como isso tem acontecido na prática? Além da histórica desconfiança na política e nos políticos, observamos o aumento da polarização da sociedade, tornando as conversas sobre política cada vez mais sensíveis — na maioria das vezes sendo desautorizadas.

Entendemos que as razões que sustentam esse comportamento há anos são complexas e estão diretamente ligadas aos fatores de educação, civilidade e consciência social.


Povo desunido sempre será vencido


Que vivemos tempos de divisões extremas, não é novidade. Contudo, pouco tem se discutido sobre os causadores da desconexão do povo, sendo a comunicação política um importante fator nesse contexto.


Reflita sobre como nesses discursos a sociedade é sempre obrigada a decidir por propostas A ou B, através de narrativas que constroem o imaginário de bandido e mocinho, dando a entender que certas pautas nunca poderão ser tratadas em conjunto, como, por exemplo, agronegócio e sustentabilidade ou saúde e economia.


Cenário que, consequentemente, põe a própria sociedade em oposição, impactando negativamente na colaboração entre grupos, que se fecham e buscam sozinhos o atendimento de suas demandas. Despertando o sentimento de competição, em que uns enxergam os outros como adversários que devem ser derrotados, transformando o processo eleitoral também em uma disputa entre torcidas.


Mantendo a polarização e todas as suas consequências na estrutura social e processo democrático. “Povo unido jamais será vencido” diz o ditado popular, mas povo desunido e desintegrado não só é facilmente vencível, mas também manipulável.


Não sei, nem quero saber


Talvez, o rompimento de relações — entre amigos e familiares — tenha sido a consequência mais comum no cotidiano. Justamente nesses grupos com potencial de promover o ambiente mais seguro e promissor para diálogos honestos sobre o futuro da sociedade.


E o distanciamento, que só cresce, é alimentado pela descrença no fazer político, com a perda de credibilidade dos políticos e da política. Fazendo com que uma atuação política mais justa e em real benefício da população, pareça algo impossível.


“Mas não é isto que deveria ser um político? Aquele que, por ser do povo, sonha os sonhos do povo e se dedica a transformá-lo em realidade?” Rubem Alves, Conversas Sobre Política.


O tema é complexo, burocrático e cheio de jargões e “politiquês”, dificultando o entendimento e consequentemente o interesse da população. Enquanto, a mídia de massa, principal fonte de informações para grande parte da população, segue fazendo pouco ou nenhum esforço para apresentar notícias políticas com uma linguagem mais acessível, num movimento inclusive democrático em favor da sociedade.



Falta de Conscientização e Educação


Tudo que vimos até aqui esbarra em um ponto central: educação.


A maioria dos cidadãos não têm consciência da importância e impacto da política em sua vida. Creditamos isso não só a como as notícias políticas são inacessíveis para muitos, mas também à precariedade da educação, que ainda não aborda em seu currículo, temas e problemáticas da vida real.


Mantendo uma dinâmica de ensino hierárquico, que Paulo Freire chamava de Educação Bancária, onde o professor é o único detentor do conhecimento e deposita no aluno o seu conhecimento. Enquanto, esse apenas recebe, decora e repete, sem questionar, refletir ou problematizar. Afinal ele está em uma posição subalterna, de alguém que não sabe e precisa apenas absorver de quem sabe.


Situação reforçada pela crença social de que camadas mais humildes, com baixa renda e escolaridade — que compõem a maioria da população brasileira, e por consequência, significativa parcela de eleitores — não têm direito, poder ou voz nas decisões políticas.


Resultando na formação de cidadãos desconectados da realidade, despreparados quanto ao funcionamento dos principais eixos de uma sociedade e incapazes de pensar, criticar e questionar.


“Daí nossa tristeza, pois o povo não acredita que o poder esteja a serviço dos seus sonhos. E, de tanto ver seus sonhos abortados, achou melhor deixar de sonhar”. Rubem Alves, Conversas Sobre Política.

Ficando mais isolados, chegam a fase adulta despreparados para exercer plenamente sua cidadania. Adotando posturas de conformidade e resignação ao que é decidido pelos outros, que, supostamente, têm mais condições e poder de decisão.


Caminhos possíveis


Para nós, todos os caminhos passam pela educação, acesso à cultura e informação de qualidade. Temas que acreditamos serem ferramentas de transformação e preparo, primeiro do indivíduo, para depois agir em benefício da sua comunidade.


Num processo de formação cidadã, emancipatória e libertadora, onde o jovem se vê como pertencente à sociedade e com espaço, capacidade e poder de participação.


Por isso, nossa contribuição está em levar educação política para jovens em escolas. E nossa forma de contribuir está baseada nos pilares fundamentais para resgatar civilidade e consciência social.


a) técnicas de psicologia para o desenvolvimento de habilidades sociais


Diante da invisibilidade e desumanização de camadas mais humildes da população, precisamos começar olhando para a condição do indivíduo. Derrubando crenças que o diminuam e devolvendo seu senso de pertencimento e poder de atuação social.


Por esse motivo, em nossas oficinas de educação política prezamos por um ambiente seguro e afetuoso, em que todos possam refletir e expor suas opiniões com a certeza de acolhimento e diálogo.


Resgatando também sua autonomia, pelo desenvolvimento de habilidades sociais que permitam não só o seu exercício cidadão, mas também o prepara para o mercado de trabalho — fator fundamental para que o indivíduo se mantenha com dignidade numa sociedade capitalista.


b) educação política acessível para todos


Estabelecemos diálogos francos, esclarecendo o quanto a política impacta na vida de todos. Creditando nos alunos a capacidade de concluir a importância e necessidade de seguirem aprendendo o assunto.


E para a oficina fluir, leve e interessante, utilizamos metodologias ativas e conteúdos compreensíveis, que desmistificam a política e tornam o aprendizado mais natural.


“Sua missão mais importante é seduzir os habitantes das cidades a amar os jardins, a pensar nos jardins”. Rubem Alves, Conversas Sobre Política. O autor usa “jardins” como metáfora para os espaços da cidade.

c) arte como ferramenta de transformação


Conversamos até aqui sobre como o voto, mesmo individual, para ser bem definido pede consciência coletiva. Escolher um representante capaz de realizar seus sonhos e suprir suas necessidades pede altruísmo e empatia, considerando a evolução da sociedade como um todo.


Com interesse do indivíduo em conhecer e com capacidade de compreender as diversas realidades existentes, para que a caminhada de transformação rume para a redução de desigualdades e dê mais acesso e oportunidades a quem precise.


Nesse processo, nos valemos do poder que a arte tem em sensibilizar e fazer imaginar outras realidades. A ficção, apresentada em diferentes formatos, é uma importante ferramenta que permite ver e sentir a realidade do outro, olhar sob outros ângulos, desenvolvendo a consciência de outras realidades.


“O pensamento dançava entre o arbusto e a esperança. De um lado, o noticiário político anunciava o presente. Mas os poetas cantavam um futuro”. Rubem Alves, Conversas Sobre Política.

A base da transformação e do exercício democrático está na educação e nós queremos levá-la a quem tem menos acesso e oportunidade.


No Instituto Iniciativa Cidadã trabalhamos para levar educação política nas escolas para os jovens. Na esperança de formar uma nova geração de cidadãos, cujas escolhas sejam feitas de forma autônoma, crítica e dentro do que eles e suas comunidades acreditam.


“As senhoras e os senhores já pensaram que, mais importante que as dez mil coisas administrativas que podem ser feitas, a sua tarefa essencial é fazer o povo pensar? Que o essencial é educar?” Rubem Alves, Conversas Sobre Política.

 

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